Ortobiológicos no Tratamento de Fraturas: Um Futuro em Perspectiva?

Os primeiros capítulos da maioria dos livros-texto de ortopedia abordam a importância da estabilidade mecânica e das condições biológicas favoráveis para a consolidação adequada de fraturas1. A estabilidade mecânica é fundamental para permitir a proliferação das células remodeladoras do osso, como osteoblastos e osteoclastos, e a formação de novo tecido ósseo.

 

Os ortobiológicos, como o PRP (Plasma rico em plaquetas), têm o potencial de promover a angiogênese e estimular a formação de novos vasos sanguíneos, o que pode melhorar significativamente as condições biológicas e a capacidade de regeneração do osso fraturado2. No entanto, as evidências clínicas para o uso do PRP na cicatrização óssea em fraturas agudas, defeitos ósseos, atrasos de consolidação e pseudoartroses ainda são limitadas, embora existam muitas evidências pré-clínicas que apoiam seu uso3.

 

Uma revisão sistemática recente4 que analisou 27 estudos sobre o uso do PRP em fraturas sugere um possível impacto clínico na cicatrização, mas os resultados não são estatisticamente significativos. A falta de eficácia demonstrada nos estudos pode ser atribuída, em parte, ao efeito da terapia ainda ser considerado pequeno demais para ser clinicamente relevante, especialmente em fraturas não complicadas que normalmente se consolidam sem complicações. Além disso, há uma alta heterogeneidade nos protocolos de estudo e nos dados observados, bem como um possível viés de publicação, onde apenas resultados positivos são relatados.

 

À medida que nosso conhecimento sobre os ortobiológicos no tratamento de fraturas continua avançando, é possível visualizar um futuro próximo em que essas terapias terão um impacto significativo na abordagem das fraturas, tanto por meio de tratamentos cirúrgicos quanto conservadores. Um melhor entendimento das propriedades regenerativas e promotoras da cicatrização dessas terapias biológicas nos permitirá aprimorar os resultados clínicos, acelerar a recuperação dos pacientes e reduzir complicações.

 

Vamos  juntos!

 

Referências:

 

1)edited by Charles A. Rockwood, Jr., David P. Green, Robert W. Bucholz ; with 48 contributors. Rockwood and Green’s Fractures in Adults. Philadelphia :Lippincott, 1991.

2) Dhillon, Mandeep S, and Sandeep Patel. “Why OrthoBiologics?.” Journal of clinical orthopaedics and trauma vol. 28 101850. 25 Mar. 2022, doi:10.1016/j.jcot.2022.101850

3) Roffi, Alice et al. “Platelet-rich plasma for the treatment of bone defects: from pre-clinical rational to evidence in the clinical practice. A systematic review.” International orthopaedicsvol. 41,2 (2017): 221-237. doi:10.1007/s00264-016-3342-9

4)Jamal, M S et al. “The role of Platelet Rich Plasma and other orthobiologics in bone healing and fracture management: A systematic review.” Journal of clinical orthopaedics and trauma vol. 25 101759. 4 Jan. 2022, doi:10.1016/j.jcot.2021.101759

 

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