Caros colegas médicos e demais interessados em tecnologia e medicina, nessa edição de nossa Newsletter vou tomar um tempo para trabalhar melhor um tema que não é tecnologia de maneira direta, mas a forma com que a tecnologia pode melhorar a gestão em saúde e a forma como podemos melhorar a entrega de cuidado dos nossos pacientes com o uso de algumas ferramentas tecnológicas.
Muito discutido e comentado no momento, o assunto da Inteligência Artificial (IA), ainda mais com o advento do ChatGPT e o GPT4 (que me ajudou a iniciar esse texto), vem tomando os noticiários, blogs, redes sociais e afins, mas já tem um colega que escreveu um livro muito interessante que, para os estudiosos de tecnologia médica, é literatura essencial. Estou falando de Deep Medicine do Eric Topol, MD, cardiologista norte-americano.
Em sua obra, Topol relaciona formas com que a IA vem transformando e ainda deve transformar áreas diversas da medicina, exemplificando propostas atuais e futuras de como podemos entregar cuidado aos pacientes e a forma de relacionamento deles e de médicos com essas novas tecnologias. Claro que a IA não atuará sozinha nesse contexto, mas dependerá de aplicações móveis, sensores, dispositivos médicos e exames laboratoriais e de imagem para que possamos obter os dados necessários para treinar e veicular essas inteligências.
Nesse aspecto que a tecnologia acaba se inter-relacionando pra que possamos gerar os desfechos necessários e é dessa forma que propomos que as coisas ocorram aqui na Hefesto.
Não nos consideramos uma empresa disso ou daquilo, mas uma empresa que usa ferramentas tecnológicas para atingir um desfecho. Da mesma forma, inúmeros outros exemplos podem ser citados e no próprio livro Deep Medicine, Topol exemplifica casos como o uso da análise do microbioma fecal para melhorar a nutrição ou como podemos usar dados para indicar com maior precisão alguns exames de imagem para reduzir a quantidade de exames desnecessários e diminuir o custo do sistema de saúde.
Nesse contexto, cito dados da inflação médica que estudei recentemente, em que temos o aumento no custo da saúde em 10,6%, valor 3,3% acima da inflação geral. Aproveito para citar aqui que em matéria da revista Harvard Business Review de 2018 foi analisado que 25% a 40% dos procedimentos para cuidado nos EUA foram desnecessários, devido as formas de incentivos de pagamento tipo fee for service (pagamento por serviço prestado), ainda muito presentes no sistema de saúde.
Assim, a ideia é que comecemos através dessa sessão da nossa Newletter discutir alguns assuntos relevantes para que as evoluções tecnológicas possam ser bem empregadas aos conceitos médicos e melhorias do sistema de saúde, discutindo sobre as próprias tecnologias e inovações e suas relações com a custo-efetividade e melhora da entrega do cuidado aos pacientes.
Fontes: 1- Topol, E. (2019). Deep Medicine: How Artificial Intelligence Can Make Healthcare Human Again. Basic Books.
2- Govindarajan, V., & Ramamurti, R. (2018). Transforming Health Care from the Ground Up. Harvard Business Review, 96(6), 110-119.
3- https://medicinasa.com.br/tag/inflacao-medica/